quarta-feira, 20 de agosto de 2014

A Ação Tática de João Cabanas

O livro abaixo foi lançado este ano. O autor, Helio Tenório dos Santos, membro da Academia de História Militar e Terrestre do Brasil, narra de forma clara e precisa a Ação Tática no Eixo da Mogiana. O título assusta, mas o livro é de leitura fácil e agradável, daqueles que terminam sem que você se dê conta.





Este livro, que tenho a honra de apresentar, chegou para um resgate da História, para redescobrir um personagem, um mito, um herói ou bandido, que foi João Cabanas, Tenente da antiga Força Pública na Revolução de São Paulo.
Sua fama perdurou por muito tempo, varou anos e anos mas, com o suceder de gerações, foi sendo esquecido e, nos dias de hoje, apenas os homens de cultura sabem quem foi o bravo, arrojado, engenhoso, também estigmatizado como sanguinário, vândalo e bandoleiro.
Chegou-nos essa obra em boa hora, porque ela acrescenta algo mais, soberbamente valioso, para somar à saga do Tenente João Cabanas, herói de tantas façanhas e loucuras.
O agudo sentido do autor, na pesquisa inteligente, nos traz à luz importantes fatos adormecidos no tempo e no espaço, que somente a sua lupa investigatória podia descobrir. Também nos apresenta Cabanas, não como um simples tenente cumpridor de ordens, mas sim um comandante de vontade própria, resolvendo de imediato todas as situações críticas de uma guerrilha.
Nove mapas ilustram as situações táticas e estratégicas na evolução da luta. O leitor atento às manobras, focalizadas nos mapas, certamente aprenderá um pouco da arte da guerra.



Coronel PM EDILBERTO DE OLIVEIRA MELO
Acadêmico Emérito da Cadeira General Miguel Costa
da Academia de História Militar Terrestre do Brasil

São Paulo, 1924






Mais que um livro, um banco de dados. Assim podemos chamar este compêndio escrito por Celso Luiz Pinho, ilustre tenente da reserva da Polícia Militar do Estado de São Paulo.
Ele se propôs a uma missão e a cumpriu honrosamente. Muitas pessoas que hoje circulam pelo centro de São Paulo, sequer imaginam o que aconteceu naqueles 27 dias de julho de 1924. Melhor seria se as pessoas que palmilham as ruas da capital soubessem que por ali correu um mar de sangue, de destruição, de sofrimento, envolvendo ações de outros homens que se arriscaram para não entregar a liberdade às algemas da tirania, em troca de um país melhor para todos.

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sexta-feira, 15 de agosto de 2014

A ESTRATÉGIA-OPERACIONAL NA REVOLUÇÃO DE 1924



“De todas as operações da guerra, as mais difíceis são, incontestavelmente, as retiradas. Isto é tão verdadeiro que o célebre Príncipe de Ligne dizia que ele não conseguia conceber como um exército conseguia se retirar com sucesso.” - Barão de Jomini


A Revolução Paulista ou, como é conhecida hoje, a Revolução de 1924, é um dos grandes momentos da história brasileira. Graças à mobilização de grandes efetivos em operações de combate sobre extenso território, essa Revolução é rica em ensinamentos de estratégia-operacional, que é o objeto deste artigo.
O plano militar dos revolucionários, idealizado pelos irmãos Joaquim e Juarez Távora, era tomar a cidade de São Paulo em poucas horas, através do levante simultâneo das unidades do Exército em Quitaúna e Santana, e da Força Pública Paulista na Luz. Uma vez senhores da capital, enviariam destacamentos ligeiros para Barra do Piraí e Santos.
Quando as guarnições do Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Minas Gerais fossem enviadas para reprimir o levante, esperavam que estas também aderissem à Revolução. Todas as tropas federais e estaduais localizadas no território paulista seriam concentradas em São Paulo, sob comando supremo do General Isidoro Dias Lopes. Este exército revolucionário lançaria, então, uma ofensiva em direção ao Rio de Janeiro, capital da República, para deposição do governo. O flanco leste da Revolução seria protegido contra um desembarque com guardas na Serra do Mar, nos acessos de Santos e Paranaguá.

Ilustração Eloar Guazzelli - livro São Paulo em Guerra

Iniciado o levante na madrugada de 5 de julho, houve resistência acirrada por parte de algumas unidades da Força Pública que permaneceram fiéis à legalidade, recebendo reforços do Exército e Marinha. O plano inicial dos revolucionários foi frustrado e os combates pela posse da capital arrastaram-se indefinidos pelos dias seguintes, em uma luta de linhas confusas e poucos movimentos cordenados.
A posse da capital só se decidiu na manhã de 9 de julho, após quatro dias de intensa luta de barricadas e bombardeios de artilharia, quando as forças legais abandonaram o perímetro urbano, indo concentrar-se na periferia afastada de Guaiaúna e Ipiranga. Os legalistas, expulsos de São Paulo, controlavam, entretanto,os acessos à capital por Santos e pelo Vale do Paraíba, mais uma vez frustrando a estratégia revolucionária de marchar para o Rio de Janeiro.
Nos primeiros dias da Revolução, várias unidades do interior do Estado aderiram, mas nas demais regiões e em outras capitais o movimento revolucionário falhou. No nível estratégico a vitória mais importante para os revolucionários viria, ironicamente, pelas mãos de um oficial legalista. Desde o dia 5 estavam estacionados em Bauru 300 homens da Força Pública, equipados e prontos para marcharem rapidamente sobre o flanco norte da capital. Se este movimento legalista tivesse sido executado, a qualquer momento, durante as duas primeiras semanas de luta, teria sido fatal à Revolução. Mas, para perplexidade geral, em 10 de julho o comandante da tropa, Major Januario Rocco, dispersa o batalhão e deserta, sem nenhum combate, deixando Bauru aberta aos revolucionários, que a ocupam com forças inexpressivas.

Na capital a retirada das forças legalistas representou o fim dos combates nos bairros centrais da cidade, dando início a uma série de operações para a sua retomada, na Batalha de São Paulo. As forças legalistas organizaram-se em uma grande Divisão, sob comando do General Eduardo Sócrates. Esta Divisão compôs-se, no correr do mês, de cinco Brigadas atuando contra o centro da cidade. Eram elas a Brigada Coronel João Gomes Ribeiro, atuando pelo nordeste, Brigada Coronel Pantaleão Teles Ferreira e Brigada General Florindo Ramos, escalonadas pelo leste, Brigada General Tertuliano Potyguara, pelo sudeste, e Brigada General Carlos Arlindo, pelo sul. A tropa remanescente da Força Pública legalista, organizada em um Regimento de Guerra sob comando do Coronel Pedro Dias de Campos, operava independente sobre o Ipiranga e Cambuci. A Divisão tinha ainda uma sexta brigada de artilharia divisionária, a Brigada General João José de Lima. 

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Artigo gentilmente enviado pelo Major PMESP Hélio Tenório dos Santos.

[1] artigo publicado na REVISTA DIREITO MILITAR / Associação dos Magistrados das Justiças Militares Estaduais (Amajme). Imprenta: Florianópolis, Amajme, 1996. Referência: v. 16, n. 103, p. 5–8, set./out., 2013.
[1] O autor é Major da PMESP, acadêmico emérito da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, cadeira General Miguel Costa.





sábado, 9 de agosto de 2014

João Cabanas e Gregório Fortunato

 
 João Cabanas, ?  e  Gregório Fortunato no sitio.

João Cabanas, Afonso e Getúlio Vargas, 1950

   
    No sítio do João Cabanas, em São João do Meriti, 1950.

João Cabanas campanha Getúlio Vargas, 1950


Leila Cabanas e suas filhinhas

                       
Leila e suas filhas. Berna 1957

João Cabanas Toledo

    João Cabanas e o jornalista Orlando Mota. Toledo, 1959

João Cabanas boliche em Madri

 
    J

Escritório em Madri 1959


João Cabanas, Murilo, Pacheco e Floreal

Aniversário Leila Cabanas




João Cabanas e Marisa Prado



João Cabanas e Marisa Prado

 
      João Cabanas e Marisa Prado festa à bordo do navio Conte Grande 1957

Leila Cabanas entregando flores para Sarah Kubitschek

               
                  Perfil de João Cabanas e Leila escondida embaixo do buquê de flores

Arthur Cabanas vendendo o livro A Coluna da Morte


Marcelino Cabanas - meu tataravô





segunda-feira, 4 de agosto de 2014

João Cabanas Preso por Desacato

Tenho lido muitos jornais antigos procurando, através deles, remontar a vida do meu avô.
Pois bem, me deparei com uma matéria que contava sobre a prisão do meu avô (uma delas), em novembro de 1934. Ele assistia à uma apuração eleitoral e foi amarrar ou ajeitar os cordões do sapato, o juiz não gostou e passou-lhe uma descompostura. Quando tentou se explicar, o juiz mandou que lhe prendessem.
Lembrei imediatamente do recorte de jornal, que minha mãe  há muito mantém guardado e pelo qual nutre grande carinho. É uma crônica escrita pelo Rubem Braga, que se refere a esta notícia. Ei-la:

O Pé Cabanas


Acontece que o coronel Cabanas possui dois pés. É pouco, na verdade: são necessários quatro para subir na vida. Quatro: dois para andar e dois para dar coices.
O coronel tinha dois. Um deles estava pousado no chão. O outro estava colocado sobre o travessão inferior de uma cadeira.
Colocar um pé sobre o travessão inferior de uma cadeira é um dos maiores prazeres de que pode gozar a humanidade.
Observe um homem que senta para tomar um cafezinho com um amigo. Observai o pé deste homem. O travessão e o pé começam logo um “flirt”. O travessão atrai o pé. O pé se ergue inconscientemente, toca na parte inferior do assento da cadeira vizinha e desce. Encontrando apoio, o pé se estabiliza em uma posição inclinada. O calcanhar fica na parte de baixo, e a ponta do pé se ergue, às vezes, tocando o assento da cadeira e incomodando o indivíduo que nela está sentado.
Nenhum indivíduo estava sentado na cadeira sobre cujo travessão inferior o tenente-coronel João Cabanas depositara o seu pé.
Há outras versões à respeito do assunto.
Alguns afirmam que o pé estava sobre um banco, outros insinuam que o tenente-coronel João Cabanas pusera o pé sobre uma grade para amarrar o sapato. Ninguém, entretanto, afirma que o pé estava colocado sobre o abdômen do juiz eleitoral, sobre o pescoço de uma senhorita loura ou contra o nariz de um deputado qualquer.
Mesmo assim, o certo é que o pé do tenente-coronel João Cabanas horrorizou o juiz.
O juiz bufou e acabou prendendo o coronel.
Não conheço pessoalmente o coronel Cabanas e as informações que tenho dele são as mais desencontradas. Não importa, não é a sua pessoa que está em discussão.
Eu me declaro partidário do pé do tenente-coronel João Cabanas, muito embora ele haja melindrado os nervos do senhor juiz.
Triste bicho deve ser um juiz, neste mundo sem juízo. As leis não prestam: em compensação os homens também não prestam. Por melhor que seja o juiz, ele acaba não prestando também.
A questão do pé Cabanas é uma velha questão humana. Onde devemos colocar os nossos pés?
Há muitos caminhos a seguir, e há velhos caminhantes que dizem que nenhum deles presta. O pé do coronel Cabanas têm seguido caminhos rudes. Têm pisado campos de luta, cimentos de prisões e preconceitos idiotas. Não é um desses pés que amam os tapetes macios e as estradas suaves. É um pé que têm enfrentado pedras, buracos e espinhos. Não sei se ele têm andado errado; sei que ele nunca teve medo de andar.
Um pé desse feitio e desse gênio, não pode desonrar nenhuma cadeira, nenhum banco, nenhuma grade eleitoral. Se eu pudesse usar de alguma franqueza, eu aconselharia o senhor tenente- coronel João Cabanas a colocar o seu famoso pé em um certo lugar macio que está acostumado a pousar sobre uma certa cadeira e que, por esse motivo, se considera muito importante.
Mas não vale à pena. É melhor o coronel Cabanas colocar os dois pés no ar, na direção das estrelas. Andemos neste mundo de cabeça para baixo. Nessa posição talvez possamos ver o mundo em sua verdadeira posição.


Rubem Braga



Ficha de Contagem de Tempo


Passaporte






Certificado Participação Revolução 1932


Olympico Club


Identidade



Identidade Maçonaria


Convite Jornal


Escola Sociologia Política



CPF



Carteira de Trabalho




1936

Câmara dos Deputados




1953




Associação Cristã


1963

Carteira Associação Comercial


                         
                                              1934

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Apresentação



    Tenho lido muitos jornais antigos procurando, através deles, remontar a vida do meu avô. Isto porque eu só conhecia algumas partes de sua vida, mas ignorava a trajetória.
Existiam dois João Cabanas ; o primeiro, o famigerado Tenente Cabanas, comandante da Coluna da Morte, na revolução de 1924, odiado por uns e admirado por outros; o segundo João conheço das histórias contadas por meus pais, principalmente minha mãe que é sua filha. Estas histórias revelam um pai zeloso, tranqüilo, que não se deixou envelhecer e conformar.